Mostrando postagens com marcador Romantismo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Romantismo. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 8 de abril de 2008

Stabat Mater - Gioachino Rossini





















[
Giottino, Pietà of San Remigio. ca. 1365, Tempera on wood, 195 x 134 cm, Galleria degli Uffizi, Florence]

Não vou, infelizmente para mim, cumprir a promessa de escrever aqui um texto sobre o Stabat Mater. Além da inevitável preguiça, encontrei um site totalmente dedicado ao género Stabat Mater. Tem tudo. Textos, sobre as obras e os compositores, uma listagem (quase exaustiva mas ainda em crescimento) de compositores que composeram um SM. Esta listagem tem a particularidade de estar ordenada segundo vários critérios, o que nos permite variadas perspectivas sobre o género. Claro que o Rossini está presente. Check it out! aqui.
Espero que gostem. Boa audição.

Stabat Mater

1. Stabat Mater dolorosa
2. Cujus animam gementem
3. Quis est homo qui non fleret
4. Pro peccatis suae gentis
5. Eja Mater fons amoris
6. Sancta Mater istud agas
7. Fac ut portem Christi mortem
8. Inflammatus et accensus
9. Quando corpus morietur
10. Amen


Label: Deutsche Grammophon
Composer: Gioachino Rossini
Performer: Cecilia Bartoli, Raúl Giménez, Roberto Scandiuzzi, Luba Orgonasova
Conductor: Myung-Whun Chung
Orchestra/Ensemble: Vienna State Opera Chorus, Vienna Philharmonic Orchestra

1997


quarta-feira, 5 de março de 2008

Verdi - Messa Da Requiem; Quattro Pezzi Sacri

























Requiem (CD1)

01. I. Requiem.mp3
02. II. Kyrie.mp3

03. III. Dies irae.mp3

04. IV. Tuba mirum.mp3

05. V. Liber scriptus.mp3

06. VI. Quid sum miser.mp3

07. VII. Rex tremendae.mp3

08. VIII. Recordare.mp3

09. IX. Ingemisco.mp3

10. X. Confutatis.mp3

11. XI. Lacrymosa.mp3
12. XII. Domine Jesu.mp3

13. XIII. Sanctus.mp3

14. XIV. Agnus Dei.mp3

Parte I
Parte II


Requiem e Quattro Pezzi Sacri (CD2)

01. XV. Lux Aeterna.mp3

02. XVI. Libera Me.mp3

03. I. Ave Maria.mp3

04. II. Stabat Mater.mp3

05. III. Laudi alla Vergine.mp3

06. IV. Te Deum.mp3

Parte III
Parte IV


Label: EMI
Composer:
Giuseppe Verdi
Performer: Nicolai Gedda, Nicolai Ghiaurov, Christa Ludwig, Elisabeth Schwarzkopf, Dame Janet Baker
Conductor: Carlo Maria Giulini
Orchestra/Ensemble: Philharmonia Chorus Orchestra, Philharmonia Orchestra

[Pic.
Retrato de Giuseppe Verdi por Giovanni Boldini, 1886 patente na
Galleria Nazionale d'Arte Moderna de Roma]

domingo, 9 de dezembro de 2007

Paganini - 24 Capricci, op.1

Há uns dias, ouvi na rádio uma obra que me deixou intrigado. Conhecia-a de nome, conhecia o autor, Paganini, mas nunca a tinha ouvido. Pior para mim. A obra é espectacular, e para meu espanto, e constatação de ignorância, foi a base de inúmeros estudos posteriores de muitos e grandes compositores.

A obra são os 24 Capricci, op. 1, escritos entre 1802 e 1817 e publicados em 1819. O meu espanto, injustificado quando ouvi a obra, deveu-se à afirmação de que esta foi durante muito tempo considerada "intocável". Muitos e muitos intérpretes se recusaram a tocá-la em público, pelo menos na versão integral, por ser de muito difícil execução, e potenciar ao máximo a hipótese de erro. As únicas execuções da obra eram, portanto, parciais, um ou outro capricho.

A razão para isto esteve, provavelmente, no facto de Paganini não ter, ele mesmo, tocado a sua próprioa obra. Paganini era, contudo, um provocador do violino, na medida em que se propunha levar as possibilidades sonoras do instrumento ao máximo. Não é por acaso que é considerado o seu maior virtuoso. A verdade é que nem Paganini terá tocado a obra. Esta terá sido composta apenas para efeitos de estudo e não para ser tocada em concerto. Ela é um composto de técnicas dificílimas que raramente se encontram presentes numa só obra, o que, pois, terá assustado muita gente.

Ao ouvir a obra, e embora não sendo músico, apenas ouvinte, percebi que a obra era, de facto, de uma complexidade superior. Parece que, em certos momentos, as cordas do violino se vão quebrar, tal o som que delas sai: agressivo, violento, estridente por vezes. Mas não só a obra é de dificil execução técnica como deve ser fisicamente estenuante. Digo-o por causa do vídeo de Heifetz que aqui deixo onde ele toca o 24º capricho, o mais conhecido (capricho que serviu de base de composição para muitas obras posteriores).

A versão que proponho é uma interpretação de Itzhak Perlman, de 1972, pela Emi. São os 24 Caprichos, portanto a obra integral. Espero que gostem. Para uma lista dos compositores que trabalharam sobre o 24º capricho ver aqui.


24 Capricci, op. 1

Nº 1 en mi majeur (andante)
Nº 2 en si mineur (moderato)
Nº 3 en mi mineur (sostenuto - presto - sostenuto)
Nº 4 en do mineur (maestoso)
Nº 5 en la mineur (agitato)
Nº 6 en sol mineur (lento)
Nº 7 en la mineur (posato)
Nº 8 en mi bémol majeur (maestoso)
Nº 9 en mi majeur (la chasse) (allegretto)
Nº 10 en sol mineur (vivace)
Nº 11 en do majeur (andante - presto - tempo I)
Nº 12 en la bémol majeur (allegro)
Nº 13 en si bémol majeur (allegro)
Nº 14 en mi bémol majeur (moderato)
Nº 15 en mi mineur (posato)
Nº 16 en sol mineur (presto)
Nº 17 en mi bémol majeur (sostenuto - andante)
Nº 18 en do majeur (corrento - allegro)
Nº 19 en mi bémol majeur (lento - allegro assai)
Nº 20 en ré majeur (allegretto)
Nº 21 en la majeur (amoroso - presto)
Nº 22 en fa majeur (marcato)
Nº 23 en mi bémol majeur (posato)
Nº 24 en la mineur (thema - quasi presto - variationi - finale)

Label: Emi Great Recordings Of The Century
Composer: Niccolò Paganini
Performer: Itzhak Perlman


Parte I
Parte II



quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Gustav Holst (1874-1934) - The Planets Op. 32

















[Andreas Cellarius, Harmonia Macrocosmica, 1708]


Esta é uma peça que ouvi há uns tempos. É de um compositor francamente desconhecido, Gustav Holst, um inglês que se apaixona fortemente pela astrologia e astronomia e compõe a suite The Planets atingindo a fama.
A obra em si destaca-se por ser uma curiosa tentativa de Holst de representar musicalmente sete planetas do sistema solar, conferindo a cada um deles a tonalidade que lhe é, simbolicamente, apropriada.

The Planets
  1. Mars, the Bringer of War
  2. Venus, the Bringer of Peace
  3. Mercury, the Winged Messenger
  4. Jupiter, the Bringer of Jollity (main theme:"I Vow to Thee, My Country")
  5. Saturn, the Bringer of Old Age
  6. Uranus, the Magician
  7. Neptune, the Mystic
Dir.: Herbert von Karajan
Orchestra: Berlin Philharmonic Orchestra, Berlin RIAS Chamber Chorus


The Planets I
The Planets II

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Peer Gynt Op. 23

[Hans Guden (1825-1903), "Fjord em Sandviken"(1879), Nationalmuseum, Estocolmo]


Edvard Grieg
(1843-1907) - Peer Gynt Op. 23
(Música Incidental para a peça de Henrik Ibsen)
Barbara Bonney (soprano), Marianne Eklof (mezzo-soprano), Kjell Magnus Sandve (tenor), Urban Malmberg e Carl Gustaf Holmgren (barítonos); Wenche Foss, Toralv Maurstad, Tor Stokke (recitantes)
Gösta Ohlin's Vocal Ensemble, Pro Musica Choir
Gothenburg Symphony Orchestra, dirigida por Neeme Järvi

1 At The Wedding - Paul Cortese
2 Halling - Knut Buen
3 Springar - Knut Buen
4 The Abduction Of The Bride: Ingrid's Lamet - Gothenburg SO/Neeme Jarvi
5 Peer Gynt And The Herd-Girls - Maria Andersson/Monica Einarson/Charlotte Forsberg/Toralv Maurstad
6 Peer Gynt And The Woman In Green - Gothenburg SO/Neeme Jarvi
7 'Great Folk May Be Known By The Mounts That They Ride' - Gothenburg SO/Neeme Jarvi
8 In The Hall Of The Mountain King - Gosta Ohlin's Vocal Ens/Pro Musica Cham Chor/Gosta Ohlin
9 Dance Of The Mountain King's Daughter - Gothenburg SO/Neeme Jarvi
10 Peer Gynt Hunted By The Trolls - Toralv Maurstad/Gosta Ohlin's Vocal Ens/Pro Musica Cham Chor/Gosta Ohlin 11 Peer Gynt And The Boyg - Toralv Maurstad/Tor Stokke/Gosta Ohlin's Vocal Ens/Pro Musica Cham Chor/Gosta Ohlin
12 The Death Of Ase: Prld To Act III - Gothenburg SO/Neeme Jarvi
13 Act III Scene 4 - Toralv Maurstad/Wenche Foss
14 Morning Mood - Gothenburg SO/Neeme Jarvi
15 The Thief And The Receiver - Urban Malmberg/Carl Gustaf Holmgren
16 Arabian Dance - Gosta Ohlin's Vocal Ens/Pro Musica Cham Chor/Gosta Ohlin/Marianne Eklof
17 Anitra's Dance - Gothenburg SO/Neeme Jarvi
18 Peer Gynt's Ser - Urban Malmberg
19 Peer Gynt And Anitra - Wenche Foss/Toralv Maurstad
20 Solveig's Song - Barbara Bonney
21 Peer Gynt At The Statue Of Memnon - Gothenburg SO/Neeme Jarvi
22 Peer Gynt's Homecoming: Stormy Evening On The Sea - Gothenburg SO/Neeme Jarvi
23 Shipwreck - Toralv Maurstad
24 Solveig Sings In The Hut - Barbara Bonney
25 Night Scene - Toralv Maurstad/Gosta Ohlin's Vocal Ens/Pro Musica Cham Chor/Gosta Ohlin/Wenche Foss
26 Whitsun Hymn: 'Blessed Morn' - Gosta Ohlin's Vocal Ens/Pro Musica Cham Chor/Gosta Ohlin
27 Solveig's Cradle Song - Tor Stokke/Barbara Bonney/Gosta Ohlin's Vocal Ens/Pro Musica Cham Chor/Gosta Ohlin


terça-feira, 18 de setembro de 2007

E. Grieg - Peer Gynt suites 1 &2


Já agora, e para completar o ramalhete, aqui ficam as duas suites, op.46 e 55, na sua versão standard. Assim podemos comparar.
Esta versão é tocada pela Filarmónica de Berlim sob a direcção de H. v. Karajan.

Peer Gynt

EDVARD GRIEG - PEER GYNT SUITE NO.1 OP.46

01 - Morgenstimmung
02 - Ases Tod
03 - Anitras Tanz
04 - In Der Halle Des Bergkönigs

EDVARD GRIEG - PEER GYNT SUITE NO.2 OP.55

05 - Der Brautraub
06 - Arabischer Tanz
07 - Peer Gynts Heimkehr
08 - Solvejgs Lied

Pic.
Caspar David Friedrich, Morning,1821; Oil on canvas, 22 x 30.5 cm; Niedersachsisches Landesmuseum, Hannover

[Nota: é possível que as duas tenham o título trocado. Apenas agora dei por ela. Mas é uma questão de alterar o título das pastas.]

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Edvard Grieg (1843-1907) - Peer Gynt

Peer Gynt é uma peça de teatro do escritor norueguês Henrik Ibsen (1828 – 1906). Escrita em 1867, estreia a 24 Fevereiro de 1876 em Olso com música de Edvard Grieg. Como não muitas outras composições da história da música ocidental, a música de Grieg conseguiu atingir uma unanimidade intemporal, havendo trechos da obra que rivalizam em fama com alguns momentos mozartianos ou beethovenianos, para fazer apenas referência a estes dois compositores.

A composição da "música incidental" (nome pelo qual ficou conhecido o arranjo musical de Grieg para a peça) revelou-se, contudo, difícil. A ópera que seria composta para a peça nunca o foi, e surgiram 23 trechos musicais que, incidentalmente, irrompiam para suportar a declamação do texto. Grieg dizia que era mais fácil escrever pela sua própria cabeça do que sugestionado por Ibsen. Curioso é que o alinhamento inicial da música se perdeu e hoje é improvável que se consiga reproduzir a estreia que a obra teve em 1876.

Mais tarde, Grieg fez uns arranjos e aproveitou alguns trechos e compôs duas suites, op.46 e 55, que se tornaram famosas como concertos. Estas foram as suites que ficaram conhecidas como Peer Gynt e que, na verdade, não correspondem ao arranjo inicial para a obra de Ibsen. De facto, apenas um trecho (Canção de Solveig) figuraria nas duas suites e o próprio texto se torna escasso.

A novidade desta gravação é que recupera grande parte do trabalho vocal. Alguns trechos são de uma extraordinária beleza. Assinalo como meus preferidos, e de muita gente: Solveig Song, In the hall of the mountain king, o prelúdio do IV acto chamado Mornig mood e, o que gosto mais, Ase´s death (mantenho o inglês que aparece nos ficheiros mp3).

Curtam bués!


Peer Gynt
[a partir da peça com o mesmo nome de Henrik Ibsen]


1 Act one - Prelude : In the wedding garden
2 Act one - The bridal procession passes
3 Act one - Halling
4 Act one - Springar
5 Act two - Prelude : The abduction of the bride - Ingrid's lament
6 Act two - In the hall of the mountain King
7 Act two - Dance of the mountain King's daughter
8 Act three - Prelude : Deep in the coniferous forest
9 Act three - Solveig's song
10 Act three - Ase's death
11 Act four - Prelude : Morning mood
12 Act four - Arabian dance
13 Act four - Anitra's dance
14 Act four - Solveig's song
15 Act five - Prelude : Peer Gynt's journey home
16 Act five - Solveig's song in the hut
17 Act five - Whitsun hymn
18 Act five - Solveig's lullaby


Barbara Hendricks

Oslo Philharmonic Chorus

Oslo Philharmonic Orchestra

dir. Esa-Pekka Salonen

Sony


[Pic:
Edv. Munch
Plakat Peer Gynt, Paris 1896
]

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Anton Bruckner - Die 3 Messen

















Disc. 1

[1-6] Mass no.1 in D minor for soloists, chorus and orchestra

Edith Mathis, Sopran
Marga Schiml, Alt/Contralto
Wieslaw Ochman, Tenor
Karl Ridderbusch, Bass
Chor und Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks
Elmar Schloter, Organ

[7-9] Mass no.2 in E minor for 8-part choir and wind Orchestra (cont.)

Disc.2
(cont.) [1-3] Mass no.2 in E minor for 8-part choir and wind Orchestra

Chor des Bayerischen Rundfunks
Mitglieder des Symphonieorchester
des Bayerischen Rundfunks


[4-10] Mass no.3 in F minor for soloists, chorus and orchestra

Maria Stader, Sopran
Claudia Hellman, Alt/Contralto
Ernst Haefliger, Tenor
Kim Borg, Bass
Chor und Symphonierorchester des Bayerischen Rundfunks
Anton Nowakowski, Organ

Direction: Eugen Jochum

Deutsche Grammophon

Die 3 Messen
Die 3 Messen II
Die 3 Messen III

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

João Domingos Bomtempo - Requiem Op.23

Não foi distinta de muitos outros músicos e compositores portugueses a carreira académica de João Domingos Bomtempo (Lisboa, 1771 - idem, 1842). Refiro-me concretamente à tendência migratória dos estudantes portugueses da época. Muitos emigraram para continuar os seus estudos junto da escola italiana, Nápoles e Roma sobretudo, a expensas do real bolsinho de D. João V. Domingos Bomtempo, rompe, contudo, num gesto de verdadeira originalidade para época segundo alguns (Ruy Vieira Nery). Prefere Paris e, mais tarde, Londres, numa mudança radical, de ruptura com a tradição portuguesa de "tendência" italiana. Além disso, Bomtempo não parece, segundo a historiografia oficial, ter emigrado apenas para concluir a formação inicial que recebeu em Portugal, mas para absorver verdadeiramente o que se fazia no estrangeiro. AO contrário, a maior parte dos compositores portugueses já iria "formatado" pelo ensino nacional de indole napolitana.
João Domingos Bomtempo foi um pianista virtuoso, conseguindo ombrear com os melhores interpretes parisienses e londrinos. Fez parte do grupo de 25 que em 1813 fundam a Philharmonic Society de Londres, grupo que congregava a elite da cultura musical da capital inglesa.
A vida, e inevitavelmente a obra, de Bomtempo não estão isentas de preocupações políticas. Neste particular, a vida de Bomtempo desenvolve um pouco ao sabor dos acontecimentos poíticos da época em Portugal. Em primeiro lugar, as invasões francesas, cujas derrotas do exército francês criam um mal-estar junto da comunidade lusa em Paris e obriga Bomtempo a partir para Londres; depois, a fuga da corte portuguesa para o Brasil e, por fim, a "regência" do general Beresford, após a derrota das tropas francesas. A todas estas ocorrências não foi indiferente o compositor portugues que partipou activamente no debate ideológico da época, entrando na Maçonaria e professando ideais liberais.
O Requiem que aqui trouxemos possui marcas desse engagement. A obra chama-se, na verdade, Requiem à memória de Luís de Camões, na medida em que se pretendia encontrar um paralelo entre o discurso tradicional da missa de finados como uma invocação dos pecados humanos, do seu julgamento, do castigo dos pecadores e da sua redenção, e o discurso simbólico da decadência de um povo pelos pecados cometidos contra a pátria. Camões serviria, neste contexto, como uma figura simbólica regeneradora da pátria lusa. Um pouco à imagem, mais tardia, do D. Sebastião de Pessoa.
A obra terá sido escrita em 1818 e estreada no ano seguinte em Paris, em privado, com o propósito de angariar fundos para a sua própria publicação, desejo coroado de sucesso pois a obra é publicada em 1819 ou 1829 em Paris com o título Messe de Requiem à quatre voix, choeurs, et grande orchestre [...] consacré à la memoire de Camões.
Em Lisboa, a obra é cantada pela primeira vez a 18 de Outubro de 1819, na Igreja de S.Domingos, em memória de Gomes Freira de Andrade e dos supliciados liberais de 1817. A marca de originalidade que foi um traço na carreira de Bomtempo, estende-se ainda ao Requiem, pois era raro na época escreverem-se missas de finados, sendo a excepção Cherubini, que estreia um Requiem em 1817. Por fim, para mais informações sobre João Domingos Bomtempo clique aqui.
A versão que aqui trazemos é uma versão do Coro e Orquestra da Gulbenkian, dirigida por Michel Corboz.
Boa audição!

Requiem à Memória de Luís de Camões, op.23

1. Intróito (Requiem aeternam)
2. Kyrie
3. Sequência (Dies irae)
4. Ofertório (Domine Jesu Christe)

Sanctus

5. Sanctus
6. Benedictus
7. Agnus dei & communio (Requiem aeternam)


Requiem Op. 23

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Nietzsche als Komponist

Desde tenra idade que para Friedrich Nietzsche a música ocupou um importante lugar na sua vida. Não só como ouvinte apaixonado das composições de Beethoven, Schumann, Liszt e, como é sabido, de Wagner, mas também como compositor. Esta faceta, não tão famosa como a sua filosofia, não é apenas um pormenor na vida de um diletante amador, mas um aspecto significativo do percurso do filósofo, cujo conhecimento da música e técnicas de composição era considerável desde muito jovem. Claro que o seu talento como músico não poderia deixar de ser ensombrado pelos vultos geniais de Franz Lizst ou Richard Wagner com quem privou, no entanto, uma primeira escuta das suas composições revela um compositor sério e enleado pela sua paixão pela música (que pelo menos desde "O Nascimento da Tragédia" passa a ocupar também um lugar importante na sua filosofia). Eu destacaria a sua obra "Reminiscência para a noite de São Silvestre" para piano e violino e "Meditação de Manfred" (dura mas injustamente criticada por Hans Von Bülow, acusando-a de ser a mais "insatisfatória e anti-musical" peça que tinha ouvido ultimamente).

Devido ao interesse que há, desde há muitas décadas, pela obra e pelo homem, existem já vários estudos sobre a música de Nietzsche e algumas interpretações gravadas. (Nesta dissertação de doutoramento disponível online, pode encontrar-se uma discografia selectiva, em apêndice:
The Music and Thought of Friedrich Nietzsche
de Benjamin Moritz). Existe também um projecto dedicado a divulgar a música de Nietzsche, criado por John Bell Young (um dos principais intérpretes das obras de Nietzsche), chamado The Nietzsche Music Project (clicar).

Confesso que não tenho informação exacta em relação aos intérpretes desta versão, pois dos discos disponíveis para venda, nenhum corresponde à ordem das faixas, ainda que contenha as músicas que aparecem em alguns outros discos. Pode tratar-se apenas de uma modificação da ordem das faixas de uma das interpretações mais citadas, nomeadamente as de John Bell Young ou de
Lauretta Altman, Wolfgang Bottenberg, et al. Sinceramente, não sei. Mas aqui fica e vale pelo valor documental. Em breve aparecerá por aqui um outro disco só com obras para piano.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Danse Macabre (Saint-Saëns)

[Ilustração: Fragmento de uma Dança Macabra de Lübeck, cujo fresco fora pintado em 1463 por Bernt Notke. Devido à sua destruição parcial, este fragmento encontra-se hoje conservado no Museu de Talinn (Estónia)]


Zig et zig et zag, la mort crie cadence
Frappant une tombe avec son talon,
La mort à minuit joue un air de danse,
Zig et zig et zag, sur son violon.

Le vent d'hiver souffle, et la nuit est sombre,
Des gémissements sortent des tilleuls ;
Les squelettes blancs vont à travers l'ombre
Courant et sautant sous leurs grands linceuls,

Zig et zig et zag, chacun se trémousse,
On entend claquer les os des danseurs,
Un couple lascif s'assoit sur la mousse
Comme pour goûter d'anciennes douceurs.

Zig et zig et zag, la mort continue
De racler sans fin son aigre instrument.
Un voile est tombé ! La danseuse est nue !
Son danseur la serre amoureusement.

La dame est, dit-on, marquise ou baronne.
Et le vert galant un pauvre charron – Horreur !
Et voilà qu'elle s'abandonne
Comme si le rustre était un baron !

Zig et zig et zig, quelle sarabande!
Quels cercles de morts se donnant la main !
Zig et zig et zag, on voit dans la bande
Le roi gambader auprès du vilain!

Mais psit ! tout à coup on quitte la ronde,
On se pousse, on fuit, le coq a chanté
Oh ! La belle nuit pour le pauvre monde !
Et vive la mort et l'égalité !

[Este excerto de um poema de Henri Cazalis (excepto, os versos em itálico que haviam sido elididos) acompanhava as notas de programa na estreia da obra orquestral de Saint-Saëns, em 1875.] Para mais informação clicar aqui

O ficheiro deste upload contém três faixas: uma primeira corresponde a uma interpretação de 1950 de Danse Macabre Op. 40 de Camille Saint-Saëns, dirigida por Arturo Toscanini. As outras duas são arranjos para piano, a partir de Franz Liszt (amigo próximo de Saint-Saëns), feitos pelo célebre pianista Vladimir Horowitz.

Esta obra foi muitas vezes objecto de arranjos e variações. Por exemplo
, ou este, ainda este.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Enigma Variations - Edward Elgar


Sir Edward Elgar (1857-1934) foi um compositor inglês. Não sendo um clássico (no sentido em que um leigo em música é capaz de o nomear imediatamente, como Mozart, Bach ou Beethoven), ocupou o lugar cimeiro da música erudita inglesa durante o período da sua vida. Foi influenciado por Dvorak e as suas composições caracterizam-se por uma intensa orquestração, o que o faz ser comparado com Richard Strauss, e justifica a forte recepção do seu trabalho na Alemanha.

A obra Enigma Variations foi tocada pela primeira vez em 1899, em Londres, sob a direcção do alemão Hans Richter, sendo de imediato aclamada. O título da obra é, curiosamente, outro. Chama-se formalmente Variations on an original theme. Mas permaneceu Enigma Variations sem que Elgar se explicasse a razão para tal. Na verdade, uma das críticas foi a falta de identificação do título com o ambiente musical da obra que de mistério tem, de facto, pouco. Ainda assim, Elgar parece ter dito que o tema do enigma perpassava toda a obra sem que nunca seja, de facto, ouvido. É, enfim, juntamente com Pomp and Circumstance Marches, a sua obra mais emblemática. Uma nota mais para referir que o Rob D utiliza o trecho inicial do primeiro andamento num tema que compôs para a banda sonora do filme Matrix.

Resta dizer que a versão que aqui deixo é a do John Eliot Gardiner, com a Wiener Philharmoniker. Desejo-vos a todos uma boa audição.

Para mais informação:

Sobre Elgar: http://en.wikipedia.org/wiki/Edward_Elgar; http://www.elgar.org/2english.html

Sobre a obra em particular: http://en.wikipedia.org/wiki/Enigma_Variations

Enigma Variations

terça-feira, 15 de maio de 2007

Euterpe

Euterpe, filha de Mnemosine e de Zeus, era uma das nove musas que inspiraram os criadores. A etimologia do seu nome indica que é aquela que dá prazer, a deliciosa, e, por isso, os poetas fizeram dela a musa da música, tornando-a assim um ser pleonástico da inspiração criativa. Disputando com Mársias a invenção do áulo (por isso a vemos segurando o bífido instrumento no quadro de Pompeo Battoni), ela não é tanto uma figura ligada ao aspecto desmesurado e perturbador da música, como o seu rival, mas antes aparece como figura da harmonia.
E é por isso que inauguro a partilha de música neste blog com um híno a essa mesma harmonia e uma ode ao júbilo que serviu para inspirar também ele uma obra que aspirou, antes mais do que hoje, a uma harmonia, a Europa.
Sobejamente conhecida, esta obra aparece aqui apenas como invocação e não tanto para cumprir o propósito de dar a conhecer. Dispensa apresentações, mas merece que se informe que se trata de uma gravação de 1951 pela Orquestra Sinfónica e o Coro da Rádio da Baviera, dirigidos por Wilhelm Furtwangler. (O segredo está na caixa de comentários)

Ludwig Van Beethoven - Sinfonia nº 9 (Coral), em Ré menor, Op. 125 ou
"Sinfonie mit Schlusschor über Schillers Ode 'An die Freude' für großes Orchester, 4 Solo und 4 Chorstimmen componiert und seiner Majestät dem König von Preußen Friedrich Wilhelm III in tiefster Ehrfurcht zugeeignet von Ludwig van Beethoven, 125 tes Werk" e, como o próprio nome indica, inclui o famoso poema romântico de Schiller.
Rejoice