segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Musique concrète

"Os inícios da música concreta remontam a 1948, no momento em que Pierre Schaeffer funda o Grupo de música concreta da RTF. Esta música está, como a música electrónica, originalmente ligada às pesquisas levadas a cabo nos estúdios radiofónicos em colaboração com engenheiros de som. A noção de "música concreta" implica desde logo captações de som e manipulação de elementos preexistentes, tomados a um qualquer material sonoro.
Tratava-se para Pierre Schaeffer e para os músicos que se ligam à sua demanda (Pierre Henry, depois François Bayle, Guy Reibel, Bernard Parmegiani, François-Bernard Mâche, Ivo Malec...) de recusar todo o a priori musical, de defender uma apreensão "concreta", empírica do som, por oposição à atitude julgada "abstracta" dos compositores que permanecem fiéis ao intermediário da escrita, do solfejo tradicional. Para os músicos "concretos", o "objecto sonoro" é posto como prévio a toda a estruturação.
As técnicas de captação do som, a utilização do microfone adquirem toda a sua importância com a aparição do gravador de fita magnética em 1951, depois de um período de experimentação a partir dos sulcos fechados dos discos. As possibilidades de manipulação que oferece a fita magnética necessitam desde então um melhoramento constante das técnicas de gravação: utilização de correctores, de filtros, reverberação artificial, transposição pelas mudanças de velocidade da passagem da banda, etc."
[Jean-Yves Bosseur, Vocabulaire de la musique contemporaine, Col. Musique Ouverte, Ed. Minerve, Paris, 1992, pp. 33-34. (Trad. livre)]


"Nous appliquons [...] le qualificatif d'abstrait à la musique habituelle du fait qu'elle est d'abord conçue par l'esprit, puis notée théoriquement, enfin réalisée dans une exécution instrumentale. Nous avons en revanche appelée notre musique "concrète" parce qu'elle est constituée àpartir d'éléments préexistants empruntés à n'importe quel matériau sonore, qu'il soit bruit ou musique habituelle, puis composée expérimentalement par une construction directe."
[A primeira definição impressa do género da música concreta, publicada na revista Polyphonie, em Dezembro de 1948, pela pena do próprio Pierre Schaeffer, citada por Michel Chion, no livro "Art des sons fixés" (1991), referido na entrada "música cocnreta" do "Vocabulaire..." supracitado.]


Volume 1: Les Incunables (1948-1950) é o primeiro de um conjunto de quatro volumes que compõem a edição feita pelo INA-GRM, em 1990, da obra musical integral de Pierre Schaeffer. O conjunto de 4 discos fazia-se acompanhar de um livro com mais de cem páginas sobre essa obra.

1-1 Étude Aux Chemins De Fer (2:53)
1-2 Étude Aux Tourniquets (1:57)
1-3 Étude Violette (3:21)
1-4 Étude Noire (3:58)
1-5 Étude Pathétique (4:07)
Diapason Concertino
1-6 Allegro (1:20)
1-7 Andante (2:21)
1-8 Intermezzo (2:47)
1-9 Andantino / Final (3:27)
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1-10 Variations Sur Une Flûte Mexicaine (3:53)
Suite Pour 14 Instruments
1-11 Prélude (3:24)
1-12 Courante-Roucante (6:42)
1-13 Rigodon (5:35)
1-14 Vagotte-Gavotte (2:45)
1-15 Sphoradie (7:06)
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1-16 L'oiseau RAI (2:55)

sábado, 27 de outubro de 2007

Luis de Milán - Luys de Narvaez






















Dando seguimento ao projecto iniciado uns posts abaixo, aqui vão mais umas músicas dedicadas agora a Luis de Milán e Luys de Narvaez. Os textos são sumários porque são relativamente desconhecidos, e uma curta visita à net mostra imediatamente que todos os textos informativos sobre os dois são muito semelhantes, talvez copiados uns dos outros, ou da mesma fonte (wiki?). Assim sendo, escolhi apenas apontar alguns facto mais conhecidos. Adiante.

Luis de Milán (ca. 1500 - ca. 1561?)

"...músico e escritor natural de Valência e de provável linhagem aristocrática. O Libro de música e vihuela de mano intitulado El Maestro, impresso em Valência no ano de 1536 e dedicado, de forma assinalável, a D. João III, rei de Portugal, é um livro de música escrito com fins assumidamente didácticos com as composições organizadas por ordem crescente de dificuldades para o executante. É a mais antiga fonte conhecida de indicações explícitas de andamentos, tais como "algo apriessa" (um pouco rápido) ou "compás a espacio" (compasso lento)."

Luis Toscano

O texto é curto. É o que consta no folheto do concerto a que assisti. Resta dizer que, num registo comum ao período renascentista, Luis de Milán, escreve um tratado El Cortesano (1561) plasmado do Il Cortegiano de Baldassare Castiglione, onde descreve a vida na corte valenciana.


Luys de Narváez (ca.1500 - ca.1555)

Luys de Narvaez é um compositor renascentista espanhol, e que se destaca, como Milán, na composição e execução da vihuela, embora tenha começado na composição de música vocal polifónica. Narvaez é conhecido pela sua maior obra Los seys libros del Delphin de música de cifra para tañer vihuela, publicada em 1538. Tem como peça mais conhecida a La Canción del Emperador, uma transcrição de uma obra de Despres intitulada Mille regretz, e Guardame las vacas (ambas no registo que aqui deixamos). Estes são alguns dos factos conhecidos da biografia de Narvaez e repetidos, em todos os invariavelmente pequenos artigos que se vão encontrando na net. Contudo, para mais informação, aqui vai um ensaio (que não li) sobre a figura e a importância da obra de Narvaez.

Quanto ao cd, ele faz parte de um conjunto de seis dedicados à musica espanhola. É o primeiro da colecção e tem excerto das duas obras acima citadas de Milán e Narvaez, além de uma faixa com música de
Alonso Mudarra. Boa audição!

Performer: Julian Bream
Label: Rca Victor Red Seal


Luis De Milán: From "El Maestro"

1. Pavana I 1:45
2. Pavana V 1:28
3. Pavana VI 2:17
4. Fantasia XXII 2:45
5. Fantasía VIII 3:13
6. Fantasía IX 2:13
7. Tento I 7:37
8. Pavana IV 1:50
9. Fantasía XVI 3:17

Luys De Narvaez: From "Los seys libros del Delphin de Musica

10. Book I: Fantasía V 2:20
11. Book II: Fantasía V 1:14
12. Book III: La cancion del Emperador 3:27
13. Book II: Fantasía VI 1:06
14. Book V: Arde corazón arde 1:21
15. Book V: Ya se asiente el Rey Ramiro 2:03
16. Book IV: O Gloriosa Domina (seys diferencias) 7:28
17. Book VI: Conde claros 2:38
18. Book VI: Guárdame las vacas 2:49
19. Book VI: Tres diferencias por otra parte 2:31
20. Book VI: Baxa de contrapunto 1:25

Alonso Mudarra

21. Fantasía 2:01


Parte I
Parte II
Parte III

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

J.S. Bach - Matthäuspassion, BWV 244






















Performer: Anthony Rolfe Johnson, Nancy Argenta, Michael Chance, Neill Archer, Ruth Holton,
Cornelius Hauptmann, Gillian Ross, Stephen Varcoe, Simon Birchall, Andrew Murgatroyd,
Nicholas Robertson, Rufus Müller
Dir.: John Eliot Gardiner
Orchestra/Ensemble: English Baroque Soloists, Monteverdi Choir
Label: Archiv

Parte I
Parte II
Parte III

Para alguma informação sobre a obra consultar aqui.

Gustav Holst (1874-1934) - The Planets Op. 32

















[Andreas Cellarius, Harmonia Macrocosmica, 1708]


Esta é uma peça que ouvi há uns tempos. É de um compositor francamente desconhecido, Gustav Holst, um inglês que se apaixona fortemente pela astrologia e astronomia e compõe a suite The Planets atingindo a fama.
A obra em si destaca-se por ser uma curiosa tentativa de Holst de representar musicalmente sete planetas do sistema solar, conferindo a cada um deles a tonalidade que lhe é, simbolicamente, apropriada.

The Planets
  1. Mars, the Bringer of War
  2. Venus, the Bringer of Peace
  3. Mercury, the Winged Messenger
  4. Jupiter, the Bringer of Jollity (main theme:"I Vow to Thee, My Country")
  5. Saturn, the Bringer of Old Age
  6. Uranus, the Magician
  7. Neptune, the Mystic
Dir.: Herbert von Karajan
Orchestra: Berlin Philharmonic Orchestra, Berlin RIAS Chamber Chorus


The Planets I
The Planets II

domingo, 14 de outubro de 2007

Festum Asinorum

[Fra Angelico, Fuga para o Egipto, c. 1450, têmpera em madeira, Museo di San Marco, Florença]

A Festa do Asno era uma celebração de origens obscuras, mas obviamente pagãs, que foi incluída no calendário cristão durante a Idade Média e foi muito popular sobretudo em França, mantendo-se nalgumas localidades até ao século XVII. Associada ao episódio neotestamentário da fuga para o Egipto (mas nalguns locais fazendo também referência ao episódio veterotestamentário do "asno, do anjo e de Balaão"), era celebrada no fim do advento ou no início do novo ano. Parodiava-se a liturgia de uma missa cristã, fazendo-se entrar um burro na igreja com uma jovem "Maria" e uma criança, cantando-se uma letra um pouco diferente e substituindo-se ainda os responsais pela onomatopeia "hin hõn". Os rituais variavam bastante e facilmente se confunde com os da Festa dos Loucos, celebrada numa época próxima, pelo seu carácter blasfematório e sacrílego, ainda que permitido até uma certa época em que a igreja decidiu pôr fim a eles. Devido à complexidade do ceremonial, podem consultar este site com mais informação: Imago Mundi.
Descobri esta festa pela primeira vez na banda sonora de um filme de João César Monteiro, "Le Bassin de John Wayne", que conta com a figura do burro como uma das personagens principais. Andei durante muito tempo à procura deste disco nas lojas ou na internet. Só agora me apontaram a sua disponibilidade no site que também já está no conjunto das ligações Mp3 CBR 320 kbps e que sendo um pouco heterogéneo tem alguns discos de música antiga bem interessantes.

Clemencic Consort - La Fete de l'Ane (parte 1 e parte 2)
Dir. René Clemencic

Sergio Vartolo, Mieczyslaw Antoniak - contratenor, tenor
Andrew Schultze - barítono
Rene Zosso - canto, sanfona
Mikis Michaelides - fidel, rebab
Frantisek Pok - corneta, tromba marina, gaita de foles

Introitus:
01 - Hac in anni janua - Lux hodie
02 - Orientis partibus Hec est clara dies - Verbum patris - Exultet hec concio

Ceremonie de remise de la crosse au maitre de la fete:
03 - Ave Virgo spetiosa
04 - Deposuit potentes - Gregis pastor
05 - En mai

La messe des anes et des buveurs:
06 - Kyrie Asini - Litanie
07 - Sequentia vini - Graduale Bacchi - Vinum bonum
08 - Curritur ad vocem
09 - Dialogus - Veritas, equitas
10 - Lux optata claruit
11 - Kalendas Ianuarias
12 - Orientis partibus II
13 - Oratio
14 - Novus annus - Hunc diem - Ite missa est - Orientis partibus II

Procession:
15 - Buccinate - Habemus episcopum - Lux omni festa
16 - Jolivete
17 - Cavalcade
18 - Omnia tempus habent

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Gaspar Sanz (1640-1710)


Anteontem desloquei-me a Aveiro para assistir a um recital de música renascentista na capela do Museu Santa Joana Princesa. A capela é espectacular e palco apropriado para um concerto de música. O melhor de tudo foi dar-me a conhecer alguns autores que desconhecia, o que me fez pensar no projecto de colocar no Ligações um albúm de cada autor tocado no recital.
A lista será esta, sem que haja a obrigação de seguir a ordem: John Dowland, Gaspar Sanz, José Marín, Luiz de Narváez, Luis de Milán, Johann Kapsberger, Heinrich Schütz e Claudio Monteverdi.
No recital era possível aceder a um folheto informativo (para mais informação sobre o compositor ir aqui e aqui). Eis o excerto (é pequeno eu sei) respeitante ao Gaspar Sanz:

«Natural de Calanda, na província de Aragão, concluiu a sua formação em Teologia na Universidade de Salamanca. Viajou posteriormente para Itália com o propósito de concretizar os seus estudos musicais antes de regressar a Espanha, onde escreveu o mais exaustivo e abrangente tratado de guitarra da sua época, "Instrución de Música sobre la guitarra española", diviido em três volumes, cuja primeira edição data de 1674.» (texto de Luís Toscano, tenor do grupo La Farsa)

Xavier Diaz Latorre: guitarra
Pedro Estevan: percursão
Mecenat Musical

1. Piezas Por La Eyc : Xacara
2. Piezas Por La Eyc : Paradetas
3. Piezas Por La Eyc : Passacalles
4. Piezas Por La Eyc : Zarabanda Espanola
5. Piezas Por La Eyc : Canario
6. Piezas Por La O : Preludio Y Fantasia
7. Piezas Por La O : Alemanda
8. Piezas Por La O : Jiga Al Ayre Ingles
9. Piezas Por La O : Passacalle
10. Piezas Por La D : Pavana Al Aire Espanol
11. Piezas Por La D : Xacara
12. Piezas Por La D : Passeos Por El Cuarto Tono
13. Piezas Por La D : Tarantella
14. Piezas Por La Cruz : Capricho Arpeado
15. Piezas Por La Cruz : Alemanda
16. Piezas Por La Cruz : Corrente
17. Piezas Por La Cruz : Zarabanda Francesca
18. Piezas Por La Cruz : Giga
19. Piezas Por La Cruz : Marionas Por La B

Laberintos Ingeniosos

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Henryk Górecki (1933 - ) - Sinfonia nº3, Op.36


















Symphony No. 3, Op. 36 ("Symphony of Sorrowful Songs")


Composed by Henryk Gorecki
Performed by London Sinfonietta with Dawn Upshaw
Conducted by David Zinman

I. Lento - Sostenuto Tranquillo Ma Cantabile
II. Lento e Largo - Tranquillissimo
III. Lento - Cantabile Semplice