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No último post, falei de Symphonie pour un Homme Seul, de Pierre Shaeffer e Pierre Henry, que ofereceu a banda sonora ao primeiro trabalho coreográfico de Maurice Béjart, que faleceu hoje, aos 80 anos, num hospital suíço.
Como havia dito já, houve uma longa e estreita colaboração entre o compositor Pierre Henry e Maurice Béjart. Em 1967, este último encomendou a Henry a música para uma outra criação sua, apresentada no Festival de Avignon e que se tornaria na peça mais célebre do compositor: Messe pour le temps présent. Ainda que o nome possa não ressoar nada a muita gente, basta dizer que foi a inspiração melódica da banda sonora da série de animação Futurama. Mas nos últimos anos tem havido incessantes homenagens a esta peça mista de música electro-acústica e rock psicadélico da responsabilidade do co-autor Michel Colombier, convidado por sua vez por Pierre Henry para o ajudar na instrumentação.
Les jerks électroniques de la Messe pour le temps présent
et musiques concrètes pour Maurice Béjart
Messe Pour Le Temps Présent (1967)
1 Pierre Henry & Michel Colombier Prologue (1:36) 2 Pierre Henry & Michel Colombier Psyché Rock (2:53)
3 Pierre Henry & Michel Colombier Jéricho Jerk (2:26)
4 Pierre Henry & Michel Colombier Teen Tonic (2:42)
5 Pierre Henry & Michel Colombier Too Fortiche (2:56)
La Reine Verte (1963)
6 Pierre Henry Marche Du Jeune Homme / La Reine Et Les Insectes (8:50)
7 Pierre Henry Rock Électronique (3:32)
Le Voyage (1962)
8 Pierre Henry Le Couple (6:55)
9 Pierre Henry Fluidité Et Mobilité D'un Larsen (9:49)
10 Pierre Henry Divinités Paisibles (9:26)
Variations Pour Une Porte Et Un Soupir (1965)
11 Pierre Henry Balancement (1:13)
12 Pierre Henry Chant 1 (0:27)
13 Pierre Henry Éveil (1:24)
14 Pierre Henry Chant 2 (1:29)
15 Pierre Henry Étirement (0:58)
16 Pierre Henry Gestes (1:39)
17 Pierre Henry Comptine (1:31)
18 Pierre Henry Fièvre 1 (2:24)
19 Pierre Henry Gymnastique (2:15)
20 Pierre Henry Fièvre 2 (2:29)
[Nota: Encontrei este link no blog Bonopos Hump To Music e o disco a que corresponde contém, como se pode ver, a Messe pour le temps présent e outras obras de música concreta do Pierre Henry. No entanto, estas não estão completas. São apenas fragmentos de obras maiores que Maurice Béjart terá usado nos seus bailados. Apenas a Messe está completa.]
"Em 1948, Pierre Henry junta-se aos trabalhos de Pierre Schaeffer, e em conjunto compõem a Symphonie pour un homme seul, a primeira sinfonia de música concreta, revelada em 1950 a um público estupefacto." [Histoire de la Musique Occidentale, sous la direction de Jean & Brigitte Massin, Les Indispensables de la Musique, Fayard, Paris, 1985, pp. 1210-1211] O segundo volume da edição integral da obra de Pierre Schaeffer é constituído pelas peças feitas em parceria com o co-fundador da música concreta, o compositor Pierre Henry. Pode dizer-se que se o primeiro foi o inventor e o teórico deste género electro-acústico, Henry foi quem conseguiu revelar melhor as potencialidades musicais daquela invenção. Symphonie pour un homme seul é assim a primeira grande obra de música concreta, mas também a primeira apresentada a um público em 18 de Março de 1950, na École Normale de Musique de Paris. A versão apresentada tinha a duração de 80 minutos e a versão aqui incluída é a realizada por Pierre Henry em 1951, com pouco mais de um quarto da duração original. Seria, no entanto, uma outra versão ainda, a de 1955, que daria algum sucesso popular à obra, quando Maurice Béjart (para cujos bailados Pierre Henry haveria de, a partir daqui, criar bastantes peças musicais) coreografou o bailado do mesmo nome, apresentado em 21 de Julho desse ano, no Théâtre des Champs-Elysées. Também Merce Cunnigham haveria de criar uma coreografia dois anos mais tarde para a Symphonie.
Musicalmente, a obra inclui as manipulações de vozes e outros sons pré-gravados em fita magnética, conforme a "invenção" de Pierre Schaeffer, mas é-lhe adicionado um outro instrumento, o piano preparado (este uma invenção do americano John Cage), tocado por Pierre Henry.Bidule en Ut é outra pequena peça resultante da colaboração dos dois compositores composta em 1953.
Finalmente, Écho d'Orphée é uma obra de Pierre Henry criada em 1988 para Pierre Schaeffer, a partir de uma obra comum Orphée 51, composta em 1951. [Pierre Henry criara ainda a título individual uma outra obra de nome Voile d'Orphée, em 1953, a ressoar ainda esta inspiração mitológica e desenvolvendo este aspecto "sinfónico" da música concreta, a partir de gravações de grandes massas orquestrais e corais e de declamações dramáticas em grego antigo.]
[Pierre Henry no potenciómetro de espaço num concerto na
Salle de l'Ancien Conservatoire de Paris, 1952]
Volume 2: Les Œuvres Communes (1950-1953 Et 1988)
Symphonie Pour Un Homme Seul
2-1 Prosopopée I (2:58)
2-2 Partita (1:12)
2-3 Valse (0:58)
2-4 Erotica (1:21)
2-5 Scherzo (2:33)
2-6 Collectif (0:57)
2-7 Prosopopée II (1:02)
2-8 Eroïca (1:57)
2-9 Apostrophe (2:26)
2-10 Intermezzo (1:57)
2-11 Cadence (1:09)
2-12 Strette (3:09)
-
2-13 Bidule En Ut (2:00)
Écho D'Orphée
2-14 D'un Sillon L'autre (6:12)
2-15 Clavecin Sarcastique (3:29)
2-16 Eurydice (2:50)
2-17 Harpe Et Violon (1:05)
2-18 Jazz Et Plaintes (2:35)
2-19 Le Biguinage (2:59)
2-20 Premier Air, Éléments (3:54)
2-21 Divinités Du Styx (1:49)
2-22 Débat (2:00)
2-23 Les Tâtons (2:43)
2-24 L'amour Aveugle (1:03)
2-25 Voix Intérieures (3:49)
2-26 Grand Air (5:23)