Esta imagem pertence ao tratado de litotomia de François Tolet, de 1682, e representa uma operação cirúrgica com vista a remover os cálculos vesicais. Consistia em abrir a bexiga com instrumentos cortantes para dela retirar pedras que aí existissem. Dado o seu carácter perigoso, Hipócrates havia proibido tal tipo de operações no seu juramento. Porém, há notícia que desde o século XVI, se praticaria por médicos menos escrúpulosos. O paciente era colocado sobre uma mesa inclinada e amarrado por quatro servidores. Uma sonda inserida na bexiga permitia localizar as pedras e avaliar o seu volume. Com a ajuda de um bisturi, cortava-se o perineu, a próstata e a bexiga, depois inseria-se um instrumento que aumentava a abertura para poder abrir caminho à pinça que retiraria os cálculos. Devido aos frequentes maus resultados (desde mortes até sequelas pós-operatórias como a incontinência), a litotomia fora definitvamente proibida no século XIX e substituída pela litotricia, até esta se revelar também de consequências desastrosas.
Por incrível que pareça, tal operação serviu para inspirar uma suite para viola com baixo contínuo a Marin Marais em 1725. Tal peça pretendia, tal como esta imagem, representar a referida operação, tendo o compositor inscrito na pauta certas notas verbais sobre os momentos dessa operação. Nas interpretações modernas da obra, considerada, durante muito tempo, de mau gosto, costuma declamar-se estas notas pois ajudam a formar a imagem mental da operação e acompanhar os momentos musicais em stile rappresentativo.
Marin Marais foi um excelente violista e discípulo de Sainte-Colombe e Lully, contando entre os músicos da corte de Luís XIV desde 1676 (quando tinha apenas vinte anos), ascendendo três anos depois à posição de ordinaire de la chambre du Roy pour la viole, lugar que ocuparia até 1725.
O disco que aqui trago é uma interpretação de Jordi Savall de algumas suites do livro 5º de Marais, onde se incluem Tableau de l'Opération de la Taille e Les Relevailles, precisamente os dois andamentos da suite que pretende representar aquela operação.
Por incrível que pareça, tal operação serviu para inspirar uma suite para viola com baixo contínuo a Marin Marais em 1725. Tal peça pretendia, tal como esta imagem, representar a referida operação, tendo o compositor inscrito na pauta certas notas verbais sobre os momentos dessa operação. Nas interpretações modernas da obra, considerada, durante muito tempo, de mau gosto, costuma declamar-se estas notas pois ajudam a formar a imagem mental da operação e acompanhar os momentos musicais em stile rappresentativo.
Marin Marais foi um excelente violista e discípulo de Sainte-Colombe e Lully, contando entre os músicos da corte de Luís XIV desde 1676 (quando tinha apenas vinte anos), ascendendo três anos depois à posição de ordinaire de la chambre du Roy pour la viole, lugar que ocuparia até 1725.
O disco que aqui trago é uma interpretação de Jordi Savall de algumas suites do livro 5º de Marais, onde se incluem Tableau de l'Opération de la Taille e Les Relevailles, precisamente os dois andamentos da suite que pretende representar aquela operação.
Marin Marais - Pièces de viole du Vème livre (Jordi Savall) Harmonia Mundi
P.S.: Descobri esta obra através de um disco ainda mais bizarro que podem encontrar neste blog de uma rádio nova-iorquina, a WFMU
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